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13.3.08

Imagens disparatadas 2

O post anterior recebeu o seguinte comentário anónimo:

"Não é que concorde com a exibição de imagens que nada estão relacionadas com a notícia em si, mas no caso de não as haver, solução?"

A existência de imagens é um dos critérios noticiosos fundamentais em televisão. Por isso, às vezes, a sua inexistência é argumento suficiente para que a notícia não seja dada.
Todavia, é preciso não ignorar o impacto e as repercussões do assunto que constitui a notícia. Por isso, é normal recorrer a imagens de arquivo relacionadas com o tema ou elaborar um gráfico que dê suporte visual ao texto.

Neste caso concreto, a solução pode ser:
1. não damos a notícia
2. damos a notícia a seco (sem imagens), o que deve ser feito só em último recurso e quando o assunto é tão forte que o justifica
3. damos a notícia com um grafismo de apoio (um mapa, por exemplo)
4. usamos imagens de arquivo da cidade/região/local do crime, preferencialmente relacionadas com o assunto (neste caso, o tribunal, a polícia, etc.)
5. Nunca imagens gratuitas com absoluta incogruência porque são um elemento de ruído na mensagem. Amanhã demite-se o treinador do Marítimo e não vamos mostrar o Parlamento regional só porque a notícia se refere à Madeira. Aliás, seria impensável que uma notícia deste género não mostrasse um excerto de um jogo do clube, o estádio, adeptos, algo que lhe seja relacionado directamente.

Este é um dos casos que demonstra aquilo que sempre digo: a imagem é a grande vantagem em televisão, mas é o maior desafio para o jornalista porque ela não deve ser meramente ilustrativa. Deve contar o mais possível a história. Mas, sozinha, nada vale porque a imagem é polissémica e a interpretação não deve ser deixada ao livre arbítrio do receptor sob pena de descodificação aberrante. A imagem precisa sempre de uma leitura orientada.

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