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25.9.06

VEIA LITERÁRIA NO MINISTÉRIO PÚBLICO

Estou cada vez mais convencido que os Magistrados do Ministério Público (MP) devem frequentar aulas de técnicas de literatura ficcional durante a formação. Só assim se explicam as fabulosas peças acusatórias que acabam numa mão cheia de nada. E, curioso, é o facto de algumas teses serem mesmo recusadas por outros colegas do MP. O caso do “Apito Dourado” tem sido pródigo nisso.

Mas vem isto a propósito do “Envelope 9”.
É talvez o processo mais vergonhoso a que tenha assistido.
E não é uma mera reacção corporativista. Mete-me asco que alguém tenha levado oito meses a concluir um processo que já estava viciado desde o início.
A partir do momento em que o jornal «24 Horas» foi tomado de assalto que se percebeu o caminho que levava o enredo. E de nada valeram as correcções ao texto, que extirparam a parte pornográfica que pretendia abrir computadores “furtados” da redacção e de casa de um jornalista.
O senhor que é – ainda é, mas por pouco – Procurador Geral desta República Portuguesa já tinha delineado o texto. Lembram-se daquelas histórias policiais de quinta categoria em que o culpado é o mordomo! Pois aqui, estava-se mesmo a ver: os culpados tinham de ser os jornalistas. Mais ninguém!
Por que demorou tanto tempo a revelar o que já tinha concluído?
E depois de ter sido declarada a incompetência e a ilegitimidade do MP nas buscas e na apreensão efectuada no «24 Horas», como é que o MP prossegue com o processo?
Há uma coisa que eu não compreendo: se no meio deste enredo uma parte interessada era o MP, como é que é o MP se investiga a si próprio?
É urgente arranjar correctores para as prosas do Ministério Público.

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